terça-feira, 3 de outubro de 2017

ARTIGO - Tempo de Empistemofobia (RMR)


TEMPO DE 
EMPISTEMOFOBIA
Rui Martinho Rodrigues*



Fobia era uma patologia psiquiátrica. Foi aplicada à agressividade contra estrangeiros e passou a designar conceitos conservadores. É perigoso patologizar ideias políticas e valores morais. Isso foi adotado até em texto legal. Não gosto, mas, diante do fato consumado, vou usar o sufixo.

Conceitos conservadores são rotulado como “fobia” ou “pré-conceito”, embora se trate de juízo – certo ou errado – formulado depois de conhecer a realidade. As garantias do devido processo legal são confundidas com defesa de corrupto.

Provas fundadas na lógica formal são descartadas como “ilações” e “perseguição” a um personagem ou a um partido. Arguem seletividade das investigações. Não importa que existam provas da mesma natureza suficientes para condenar todos os atores e agremiações políticas relevantes. Dizer que é preciso punir os corruptos para salvar as instituições, mas que não devemos destruir as instituições para combater corruptos, é uma afirmação que escapa ao entendimento de muitos.


Interesses corporativos, cegueira ideológica e ignorância, inclusive de doutores, são a receita da epistemofobia, ou horror à razão. Idade mínima para aposentadoria é tratada sem a menor consideração pelos cálculos atuariais. Créditos reivindicados pela previdência são apresentados como favas contadas.

Não se pondera que a cobrança se arrastará por décadas e poderá ser negada pelo Judiciário; que alguns deles sejam de devedores que já não existem; ou que receitas dessa natureza são episódicas, não servem para o equilíbrio financeiro. 

Já se fez tese para dizer que a vinculação de grande parcela das receitas públicas para financiar gastos, que não param de crescer desde 1989, configura superávit previdenciário. Que essas receitas são dispensáveis aos investimentos que já não temos condições de bancar. Confunde-se déficit primário com déficit secundário, dizendo que a desvinculação de receitas da União (proposta no governo anterior) é para pagar juros, quando temos déficit primário astronômico (aquele calculado antes das despesas financeiras).

Hoje só se sabe rotular argumentos como de “direita”, de “esquerda” ou assemelhado, sem saber o que sejam tais carimbos.

O horror à razão é uma verdadeira “epistemofobia”.


Porto Alegre, 03 de setembro de 2017



OBS. Ilustram a matéria grandes pensadores da humanidade: Descartes, Einstein, Confúcio, Sartre, Rousseau, Tomás de Aquino, Voltaire, Sócrates, Nietzsche e Schopenhauer.



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