quinta-feira, 5 de outubro de 2017

ARTIGO - Humildade e Altivez (HE)


HUMILDADE E ALTIVEZ
Humberto Ellery*


A palavra “humildade” deriva do grego humus (terra fértil), consequentemente a palavra “humilde” significa estar em baixo, estar no chão, segundo alguns lexicógrafos.

A leitura que eu faço é bem diferente. Para mim a humildade é a terra fértil donde nascem todas as virtudes. Se formos examinar filosoficamente cada virtude, destrinchar lhe o DNA, tais como a honestidade, a caridade, a temperança, a prudência, essa “disposição habitual e firme de fazer o bem” – definição de virtude segundo a doutrina da Igreja Católica – encontraremos sempre no âmago de todas as virtudes a humildade. Invariavelmente.

Já a palavra “altivez” vem do latim altus, significando “alto”, portanto uma significação contrária a “humilde”.

Ao longo de minha já não tão curta vida tenho procurado pautar minhas atitudes entre esses dois balizadores, porque a altivez sem humildade se exalta, se infla e descamba para a intolerável arrogância; enquanto a humildade sem altivez degenera na mais abjeta das subserviências.

Meu pai, que era um monumento à humildade, era sempre admoestado por minha mãe: “Humberto, tenha cuidado, pois a quem muito se abaixa o fundo lhe aparece”. Pois o velho viveu esse desiderato com rara mestria. Manteve sua altivez sem passar nem perto da arrogância, e foi sempre humilde, sem jamais ser subserviente.

Nesses últimos dias assistimos a dois dos Poderes da República numa luta insana entre a arrogância do Supremo Tribunal Federal e a subserviência do Senado Federal.

Enquanto o STF, ao arrepio do que preconiza a Constituição Federal, prendeu e debochou de um Senador da República, fazendo troça e pouco caso do representante do Estado de Minas Gerais, democraticamente eleito pelo povo,  para depois espocar Champagne em seus gabinetes, os senadores, por sua maioria, preferiram, como sabujos, lamberem as botas dos que lhes espezinharam.

Não entro no mérito do Aécio ser culpado ou inocente, não é o caso (mas nem réu era). Suas Excelências tinham o dever de defender o Senado Federal do desrespeito, da agressão de que foram vítimas. Não era o caso de afrontar o STF. A afronta já fora estabelecida  justamente pelos Senhores Ministros do STF. Era o caso de repudiar, com veemência, a afronta sofrida.

Na vergonhosa sessão que optou pela covardia, chamou a atenção o Senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), não só pelo ridículo chapéu, como por uma demonstração de pretensa erudição, quando conclamou seus pares a usarem de moderação e disposição para o diálogo, como no Senado Romano!

Será que se referia mesmo ao SPQR, Senatvs Popvlvsque Romanvs? Aquele ninho de cobras? Aqueles senadores  que assassinaram o Tribuno da Plebe Caius Gracus? que liderados por Marcus Junius Brutus, filho adotivo de Júlio Cesar, mataram o próprio ditador na escadaria do prédio? Que de tanto produzirem crises acabaram com a República, desembocando no Império, com Otaviano Augusto, sobrinho-neto  de Júlio César, empalmando o Poder?

A verdade é que os senadores tanto se abaixaram que expuseram os fundos. Como cantou Gonzaguinha, botaram “a bunda exposta na janela pra passar a mão nela”.

Duvidam? Vão lá, passem a mão nelas para sentirem a consistência. Verão que é tudo “bunda mole!!!”.



COMENTÁRIOS:

Como sempre, este artigo de Ellery é erudito e ilustrativo. Lêr suas peças é sempre um regalo. Coitado do senador de chapeuzinho invocado, com pouco conteúdo na cabeça, que se meta a fazer “samba do crioulo doido” ante as gambiarras da TV. Cuida-te Valadares, que Humberto Ellery te desanca! De História Antiga entende ele.

Mas, quanto ao mérito do artigo, a questão que Ellery colocou tem dois aspectos, ambos de exame jurídico difícil e de análise psicológica mais complexa.

O primeiro ponto é estabelecer se a conduta de Aécio Neves teria potencial para lhe impor perda de mandato eletivo; o segundo ponto é se poderia o Supremo Tribunal Federal, pelo seu poder de cautela,  afastar do mandato eletivo um Senador da República.

Pessoalmente, eu responderia negativamente à primeira indagação: Não. Pedir dinheiro não é crime. Ponto. É fato destituído de tipicidade penal. Pode ser humilhante, pode ser vergonhoso, mas somente em sendo identificado o ato de ofício realizado em contrapartida se poderia configurar a propina.

Collor de Mello foi absolvido, depois de deposto, porque se confirmou que recebeu um veículo, mas não se demonstrou o que teria feito em troca. Ademais, Aécio, não sendo um executivo, dispõe somente de seu voto. E o seu voto lhe pertence. É de foro íntimo.

Além disso, não é hígida a prova obtida contra ele. Está eivado de invalidade um flagrante preparado entre um Procurador da República capcioso, que pretendia abrir espaço político para si mesmo, com apoio financeiro do mesmo empresário desonesto que fez a gravação, o qual visava (e chegou a obter) indulgência plena e total anisitia para si e para a sua fortuna espúria.

Porém, à segunda questão eu respondo “sim”. O Supremo Tribunal Federal pode tomar medias cautelares contra todo e qualquer cidadão, pois é a mais elevada corte de justiça do País, e ninguém está acima da lei. Nada a ver com independência e com harmonia de Poderes.  

Creio que o articulista, em análise apaixonada, confunde atributos morais humanos, como humildade e altivez, a procedimentos institucionais, jungidos aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.

A decisão judicial pode estar correta ou equivocada, e cabe aos advogados a confrontarem com contrarrazões e argumentos recursais. Mas, em face da Constituição, não pode o Senado se insurgir contra o Judiciário, como tem feito, sem instaurar no País um ambiente de anarquia e um clima de revolução. É contra essas e outras que, a cada dia mais alto, as Forças Armadas estão gritando: EPA!!!

Reginaldo Vasconcelos



Excelentes reflexões do Dr. Reginaldo Vasconcelos sobre a nossa política atual! Dr. Reginaldo, eu acredito o "Brasil tem jeito!”. 

Nada é por acaso, neste mundo! Tudo o que está acontecendo servirá de exemplo para a construção de uma política mais sábia e mais proveitosa futuramente.

Esta crise política desordenada, posso dizer assim, é uma crise passageira, em que os próprios políticos tirarão bons proveitos! Oremos para que Deus ilumine esses políticos e se apiede de nós!

Que Deus ilumine e apareçam mais homens dignos, como Moro, para amar e defender o nosso Brasil, e nos salvar destes políticos insanos que querem o mal de nossa Pátria querida!

Infelizmente, esta página triste de nossa história ficará na memória de todos os brasileiros que passaram e viveram, nesse século e nesses momentos de crise!

Depois da tempestade vem a bonança! Tenhamos pensamentos positivos, porque Deus está conosco!

Deus é brasileiro!

Nancy Gonçalves    





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